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"Ah! E o amor? continuava amor"

   Era uma tal de insegurança, na verdade sempre foi. Não houveram declarações e sentimentos aflorados de um para o outro desde o começo. Não era porque não existisse fortes sentimentos nisso, ou talvez de um garoto para o outro apenas, mas o problema era que não havia ligação, a ponte não estava construída, nunca poderia haver total entrega de um corpo para outro.
   Poderia ser definido como um estado de pânico nesse primeiro momento, fugir das regras, podendo ser alvo de todos, deixando suas defesas expostas. Não era fácil se declarar para um garoto nessa época, você sendo um.
   Além de ser uma mentira para sua família, era também preciso esconder tudo isso de sua felicidade. O garoto poderia ser feliz de qualquer forma, menos sendo ele mesmo, era impossível.
   Ele não entendia por que era errado, tinha saúde, podia pensar, amar, o que havia de errado? Nunca havia feito mal algum para ninguém, por que a raiva e o ódio contra ele, contra as pessoas que eram iguais a ele?
   Ele amava em silêncio, apenas seu caderno sabia de seus sentimentos. Ele sabia que não podia dizer a ninguém que tinha amor por outro homem, ninguém acreditaria haver amor, tão forte e limpo dentro desse sentimento, julgado promíscuo, pecador.
   Ele então se calava, até o momento em que pudesse suportar toda a culpa que ele carregaria por simplesmente ser quem é.
Ah! E o amor? continuava amor.
Não  era sujo
        Não precisava estar guardado
Nem tão pouco obscuro ou pecador
    Era simples
Consistia somente no ato de amar,
        só isso.

 
 
     
 

"Oitava página do caderno"

   Hoje é um dia normal para mim, talvez eu possa os classificar assim quando não estou com você. Mas por hora eu prefiro assim, não sei se longe ou perto demais, você me faz sofrer. Só sei que não estou com você agora, sem demoras, eu queria estar com você.Sem obstáculos, eu queria estar com você. Mas ainda não foi possível. Não sei se o que estou sentindo por você agora, dure por muito tempo, mas realmente eu não sei o que é o tempo.
   Eu tento me afastar de você. Parar e dizer que isso não é real, que é um exagero como você disse pra mim. Mas eu sinto que não. O que sinto, minhas palavras e meus olhos não conseguem descrever. Apenas minhas lágrimas são ligadas aos meus sentimentos.
   Você me deixa triste. Não sei se realmente não gosta, ou finge ser neutro, sem desejos. Realmente, eu prefiro que esteja fingindo. Mas não mando em você, já que nem em meu coração pude ordenar que parasse de amar.
   Me desculpe, não posso demonstrar tudo o que sinto. Meu orgulho não permite dizer que sou louco por você, que sinto saudades ao me despedir de ti.
   Eu queria mais. Mais amor, mais lágrimas, mais felicidades. Mas você não permite. Ás vezes me aparenta ter medo.
   Eu queria poder escolher essa história, queria que ela fosse diferente. Não, na verdade não quero que mude. Deixa assim, me deixe na chuva.
   Eu admito que sinto falta de você, que guardo cada olhar, e cada instante fútil aos seus olhos, ou talvez, sonhando alto. Admito também, cada susto inesperado quando te vejo, eu não estou preparado para uma apresentação ao amor que tanto sonho.
   Vagarosamente eu espero. Não sei por quanto tempo, mas sei do agora, e eu posso dizer que agora ainda te quero, você ainda faz parte do meu mundo.
   Na verdade, escrever alivia minhas raivas. Eu costumo dizer que eu sou meu verdadeiro amigo, pois apenas eu sei exatamente tudo sobre mim. Não sou alvo de vergonha comigo mesmo e sempre estou disposto a ter um ombro amigo com meus sofrimentos. Acho que seria solidão, mas as pessoas a interpretam mal, não acho que seja mal. Apenas encontramos nela, o que tentamos esconder de nós mesmos. Confesso que precisamos de um calor de outro corpo. Confesso, que preciso de você. 
   Ainda não citei seu nome em minhas cartas, mas na verdade tento evitar seu nome até mesmo em meus pensamentos. Apenas suas emoções me resguarda e me protege.
   Termino dizendo que, hoje (novamente) foi um dia normal. Espero te ver o mais rápido possível, não aguento mais de saudades.
   E se tudo isso não puder ser vivido, se o amor que sinto não puder ser correspondido; Estou feliz, alegre, ou algo assim que possa camuflar perfeitamente meu sofrimento por alguém que não acreditou em mim. Mas o culpado disso seria eu, pois nem minhas palavras e meus olhares são ligados aos meus sentimentos.


                                                   Com amor

"Condenados! Violados! Violentados!"

   E por quê esses garotos não podem ser felizes?
   E por quê tanta morte e violência os rodeiam, fazendo deles criminosos, imundos e diferentes... Seria assim por amor? Seria assim por um sentimento incondicional que os fazem lutar contra si mesmos.
   E depois de todo esse sentimento revelado como uma verdade, tão pura e clara como uma luz intensa, ainda posso encontrar quem os odeiem. Ainda posso encontrar quem os desejem a morte, contra apenas o amor que os garotos sentem, contra apenas a força que eles tentam obter todos os dias para se revelarem livres, amantes.
   Condenados! Todos condenados a diferença de sua forma de ser, todos condenados ao escuro e a promiscuidade, todos condenados ao ato de fazer doença, de passar doença, de ser uma doença.
   Violados! Todos violados contra qualquer forma e gênero de serem comuns, de serem normais, violados se de seus amores, de suas vontades instintivas. Violados! Todos violados de sua expressão, do verbo ser, todos violentados no sentido de sentir.

 - Dois garotos iranianos condenados à morte por crime de homossexualidade.


"Sétima página do caderno"

   E não adianta eu querer ficar longe de você, porque eu não consigo, é ruim. Ás vezes eu acho que sou exagerado, mas eu não pedi para nada disso acontecer, eu não queria me confundir, nem me fazer sofrer.
   É difícil se você pudesse me entender, veria que eu não queria que as coisas fossem tão cruéis assim. Mas a gente não se encontra, eu não existo aos teus olhos, e por um momento faço de você inexistente aos meus.
   Eu não acho que estou sendo hipócrita comigo mesmo, eu só faço o que tenho que fazer, as coisas são assim, não dá para se pensar quando está tudo acontecendo, e não dá para se planejar quando se está amando.
   Eu não me culpo por nada acontecer como sonho, e nem te culpo também, apenas não era para acontecer. Eu imagino que posso te tocar, mas repenso em tudo não passar de ilusões.
   Realmente eu exagero, mas eu não gosto de fazer nada pela metade, e se eu quero eu vou atrás, até o ponto em que eu achar que devo ir.
   Quem está do lado de fora acho fácil me aconselhar, mas eu não entendo, nem acho útil tais conselhos, pois ninguém me entende, apenas eu mesmo. E ás vezes nem eu sei o que estou fazendo escrevendo pra ti.
   É engraçado como passamos a entender melhor a vida (ou não) quando estamos apaixonados.

"Poema por William Shakespeare"

   "Você diz que ama a chuva, mas você abre o seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando ele brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha a janela quando ele sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama..."

                                             William Shakespeare


"Pois assim ele continuava se iludindo"

   Era um amor conjunto, algo inexplicável. Mas os garotos nunca se encontravam. E talvez a força que eles procuravam também nunca tivera existido, ou era tanto amor instintivo, sem que seus pensamentos preconceituosos pudessem aceitar, que nunca houve a união dos dois. A união de suas almas.
   Seria preciso virar o mundo do avesso para que todos entendessem esse amor. Correspondido ou não, no silêncio, no escuro, isso tudo existia, acontecia, dava força para o garoto que tanto amava continuar. Pois assim ele continuava seu amor, seja como uma ilusão, muitos pensem, e talvez sim! Precisamos viver um pouco essa ilusão de alma gêmea e tudo mais, dá, mesmo que pouco, um sentido para a vida, um prazer, um gozar.


 

"Sexta página do caderno"

   Você conseguiu seriamente me deixar louco por você, as coisas que escrevo são todas para ti. Meus pensamentos são seus, que eu diga, e por mais que eu diga que não queira, eu sempre caio em contradição, e me entrego. Eu te amo.
   Se eu pudesse te dizer isso, eu te diria todos os dias, todas as horas, todos os momentos. Eu te diria sem fim, eu te amo, eu te amo, eu te amo. Mas eu não estou preparado para dizer, sinto e vejo em seus olhos que você não está preparado para ouvir isso. Apesar de tudo, era isso que eu precisava. Alguns dias, eu havia escrito que era melhor sofrer por um amor não correspondido do que estar frio, e suou como uma prece, você caiu em minha vida, caiu no meu coração, e invadiu meus pensamentos, transformando-os e roubando-os só para você.
   É tudo estranho, é tudo difícil, eu não quero que você perceba nada, mas quando penso, eu já agi. Já me entreguei, já disse, já amei. É bom alguns desses momentos, eu consigo me trancar nas lembranças quando estou prestes a fazer besteiras.
   E parece que tudo resolveu vir agora, problemas com minha mãe com meu pai, com meus irmãos, com você, com minha vida, com tudo e todos. Eu tento ter tudo sobre controle, mas eu não aguento sempre, eu preciso ás vezes deixar a armadura de lado e, chorar.
   Eu admito que preciso te ver, mas sem te ver eu morro de saudades, e te vendo sem te ter eu sofro de agonia.
   É tudo relativo, é tudo distinto. Ás vezes não quero te ver, e você invade minha casa. E ás vezes eu te desejo muito, e você me despreza. Todas as emoções são fortes, nada é neutro.
   Quando estou com você eu me sinto bem, seguro. Mas parece que tudo isso é uma brincadeira, eu não me conformo de gostar de você, mas eu me sinto bem assim, foi a primeira pessoa que eu realmente amei de verdade. Mas quer saber? Eu não vou sofrer por causa de você, não, eu vou sim.

                     
                                             Sai da minha vida. 

"Trecho do livro Cartas de um sedutor"

"Perdoa-me Cordélia,
 Mas ao não ser tu
            Minha irmã e tão bela
 Não tive o nítido e
  Premente desejo 
                           Por mulher alguma
 Mas sempre gosto de
                          Ser chupado
 Então ás vezes seduzo
 algumas com a
          beiçolinha revirada.
             Mas o falo na rosa,
         Nas mulheres só em
 Extremes.
                         Há em todas as mulheres
 um angor, um largar-se 
                         que me desestimula. 
         Gosto de corpos duros,
 esguios, de nádegas
  iguais aqueles gomos
 ainda verdes
 Grudados tenazmente
                          a sua envoltura.
         Eu gosto de cu de homem
                         Cus viris 
         Com os pêlos negros ou 
 aloirados a sua volta
                          Contrair-se
                  Um fechar-se
             cheio de opinião
                 Bunda de mulher?
                 Deve dar bons bifes,
        no caso de desastre na neve
            Leste sobre os tais
        que comeram os amiguinhos
e amiguinhas
            congelados?
Voltando as nádegas
As tuas, douradas 
                        e frescas
        Tu foste única
                        tuas nádegas também
Firme, altas 
                       Perfeitas como 
as de um rapaz (...)"



                             

- Trecho do livro "Cartas de um sedutor" de Hilda Hilst.




   

                      
     

"Quinta página do caderno"

   Será que esse dia que eu imagino todos os dias em meus pensamentos realmente acontecerá? Essa é uma resposta que não depende só de mim, ai se dependesse, nada seria ruim, não necessitaria da morte, e se ela ousasse, eu te levaria comigo, pois eu te amo, na verdade não sei se te amo ou se te odeio. pois amar é odiar, você tem que estar em conflito consigo mesmo, e com todos ao seu redor, para que isso aconteça, para que um verdadeiro amor exista, você luta contra quem você mesmo defende, você ri com alguém que a qualquer momento pode te fazer chorar, e essas lágrimas, que te perturbam enquanto escorrem pelo seu rosto, te fazem lembrar dos humildes e pequenos momentos que você passou com seu amor, e é isso que te faz e sempre fará sobreviver longe do seu sofrimento, que pode ter seu verdadeiro nome revelado, o amor da sua vida, que te incomoda, te inquieta, te faz sentir o vento, sentar enquanto deixa escorrer a água do chuveiro em sua nuca.
   É incrível como essa loucura nos fazem levar as coisas tão a sério. Logo eu que sempre fui tão livre com tudo e agora, eu não consigo mais ser livre, ou eu não queira ser livre de você.
   Eu não quero mais, vá embora, eu não quero mais escrever de você, eu não quero mais escrever de mim, eu queria que as coisa fossem mais fáceis. Mas não são.
   Antes que você beije outro, eu quero estar longe de você. Eu quero que tudo volte para os seus devidos lugares. Mas eu fico pensando e seria tão chato ter tudo tão normal.
   Eu descobri agora você, eu percebi agora que você estava comigo quase todos os dias e por uma aposta você me trancou contigo. Não sei pensar em coisas normais sem você vir por um instante em minha mente.
   Eu tenho que estar bem louco pra fazer isso por você. Mas quem é normal a vida toda pra sempre, não viveu a vida como dita as regras, ou melhor, sem regras, assim vivemos no estereótipo.
   Eu não escrevo para você, apenas alivio essa angústia que me faz sofrer. E por incrível que pareça está dando certo. Aos poucos estou conseguindo me controlar de você. Mas ai eu te vejo e tudo se vai, eu controle não existe mais. Essa seria a resposta por eu não dar a mínima quando estou com você, eu não consigo nem te olhar, é difícil olhar para uma pessoa que penso todos os dias. Não quero te mostrar o que sinto, mas também quero que adivinhe o meu amor por você.
   Tudo te lembra, a noite é o pior momento, é onde estou mais solitário, é onde me encontro com você. Antes que você possa ler tudo isso eu quero ter queimado essas páginas.

                                             Te odeio, mas te amo...

"Descobrindo-se, confundindo-se"

   O ano era 1985 aproximadamente, quando vieram os primeiros sintomas de uma autodescoberta, descoberta de amor diria eu, um simples narrador dessa história, já que descoberta do que realmente o garoto era, não houve. Nem nunca haverá pensaria eu, esse garoto apenas descobriu algo dentro de si que talvez nunca quisera descobrir, ou talvez esse amor descoberto, fosse realmente a verdade que todos procuram pra dentro de si, não pros outros, não para agradá-los. Mas confesso que até hoje não entendi a história desses garotos que tanto amam, que tanto sofrem, aliás porquê? pra quê? 
    Todos escondidos debaixo de seus preconceitos escuros e errados, não poderia haver revolta alguma quanto a defesa de aceitação de seres horríveis, e que pretenderiam assim acabar com a raça humana, converter o que a igreja mantivera como sagrado. E o garoto estava aqui, nesse meio, nessa guerra, guerra que não disputava terras, nem armas ou se quer poder. Disputava a disseminação de quem pretendesse ir contra a "realidade humana".
   Ele forçava contra si mesmo o silêncio, não que ficasse calado sem dizer nada a ninguém, isso já acontecia a tempos, mas ele se torturava para aceitar o silêncio dentro de sua alma, silenciar algo que era gritante, descontrolado, carnal, puro.

 

"Quarta página do caderno"

   Mais uma noite. Mais um dia, e não estou com você em todos os aspectos que eu gostaria de estar. Mas hoje foi confortante, acho que estou conseguindo controlar minha vontade de você. Não sei se isso seria eu estar esfriando com o que sinto, ou se estou mais perto do chão e não mais flutuando.
   Não consigo esconder que quero. Apesar de essa ser minha vontade, como se já não passasse dos limites de uma amizade. Eu confesso que errei, te disse que confundi a amizade com algo mais apaixonante, dizendo assim. Ou talvez eu esteja certo em gostar de você, em tudo há um lado bom, e isso que aconteceu comigo me fez ampliar minhas suposições e opiniões sobre você. Consigo ver suas qualidades e defeitos, consigo perceber o que te faz bem e o que te deixa mal. E ainda mais, consigo lembrar constantemente do seu rosto e do seu jeito.
   Você entrou em minha vida num momento em que eu precisava estar mais humano comigo mesmo, você me fez perceber que um homem não irá conseguir tudo passando por cima dos seus próprios princípios, do seu próprio bem estar. Ás vezes parece que tudo conspira a meu favor, consigo além  do que sonhei pra mim, sou feliz e tenho certeza que terei momentos e lembranças boas para o resto da vida. Mas tenho medo de um dia conseguir tudo o que sonho nesse mundo materialista e ficar sozinho. Sem o que realmente possa me fazer bem, sem as pessoas que amo. E é isso o que mais admiro no sentimento do amor, você entende o real propósito da sua existência, você vive e não mais sobrevive.
   Como qualquer pessoa eu tenho sonhos. Tenho sonhos de viajar o mundo todo, conhecer um verdadeiro amor, e viver, seja como no conto de fadas que previ, ou na mais vagabunda harmonia do prazer. É assim que eu quero, é assim que eu sinto. E eu consigo enxergar bem ao fundo do horizonte meus ideais, esperando que não seja uma miragem, tudo está bem. Andando ao seu tempo. É claro que problemas se acham por sua trajetória, mas com os ensinamentos que pego dela, esquivo das dificuldades.
   É isso. Agora vou fazer uma viagem incrível, não falo incrível pela viagem, mas pelo que ela poderá trazer de bom para minha vida. Não foi realmente o que quis, mas estou aprendendo a gostar.
   Já está tarde, preciso parar um pouco de pensar no amanhã, já que estou vivendo o agora. Tenho planos pra noite. Hoje eu vou te ver, finalmente. Parece que quando precisamos de alguém, demora para o encontrarmos.
   Espero que não esteja com raiva de mim, tente me entender, é difícil planejar as coisas quando existe uma 'válvula de escape' pulsando por você. Apesar de eu tentar ao máximo me controlar, existem momentos em que demonstro 'gritando' o que sinto. Mas quando vejo já foi. E o agora também já foi.


                                                  Saudades 

"Era um pássaro, de asas cortadas"

    Era como se o garoto não soubesse o que estava fazendo. Ele estava construindo um caderno de lamentações, algo que o ajudava a sonhar com o amor de sua vida, mas o fazia sentir mais medo do que nunca. Pois seu "conto de fadas" e sua felicidade estavam sendo traçadas a partir de folhas e tinta. Ele nunca sentira o calor que pudera ter do seu amado, seus braços, seus beijos, nada era real para ele. Apenas sentia olhares discretos, confusos e vergonhosos de ambas as partes.
   Na verdade ele não sabia o que sentia, e talvez nem o garoto que ele amava tinha certeza dos seus sentimentos, sempre foi uma questão de seguir o que a sociedade, o que as pessoas que amamos nos impõe, e o garoto sabia que só com as forças que ainda não possuía podia lutar contra tudo, podia fazer valer a intensidade disso, mesmo que fosse "sujo" ele queria isso, era como sobreviver, sem poder viver. Um pássaro, com asas cortadas, fúteis, sofridas. Era esse o sentimento do garoto, apenas um garoto.

 

"Terceira página do caderno"

           Acho que consigo, ou talvez não, não consigo viver sem o teu amor, sem você. Eu estaria lutando contra mim mesmo se dissesse que não quero o quanto queria você, e tudo isso mais um tudo isso me deixa louco, tudo na minha vida é diferente agora, especialmente agora, e isso me mostra o que é a vida, o que é viver intensamente, talvez por você, talvez por mim, ou talvez pela minha felicidade. Eu não quero esperar para ter você, na verdade eu não quero pensar na hipótese de não ter você. É, eu paro e penso. Na verdade eu penso todos os dias. Penso em você, penso na minha vida, e deixo de pensar em mim. É difícil poder chegar a conclusão de como eu pude sentir isso tão forte por você, é estranho. Eu não te olhava antes, eu não o via na verdade. Mas o destino foi cruel comigo, me fez confundir a amizade, confundir meus princípios e me confundir.
   Sendo sincero, eu não tenho apostas do que poderá acontecer. Você não me dá respostas, apenas me deixa mais inquieto, apenas me faz sonhar com algo que poderia acontecer, mas não aconteceu. E é isso o que me chama a atenção em você, apesar de eu saber que você se confunde também e quer respostas, você me mostra estar bem, aparentemente.
   É, eu te acho uma criança, mas não a criança ao seu ponto de vista. Mas simplesmente ao meu ponto de vista. Uma criança que me faz criança, claro que tem horas que você me irrita, mas meus sentimentos me fazem mudar com você. Você me deixa leve, feliz e mais um monte de sensações.
   Dormir me faz bem, me faz te esquecer, me faz me esquecer.. Mas o problema é que isso passa muito rápido. Não sei se a vontade de você é que faz não perceber que tentei te esquecer.
   Eu posso dizer agora que estou quase chegando lá, não sei se existem limites para o homem, mas meus princípios por enquanto eu conheço.
   Eu tento viver agora, mas você não me deixa ser feliz. Eu não sei se a felicidade que procuro é você ou se você é coadjuvante para o meu espetáculo. Eu digo e percebo que estou confuso com muitas coisas, que estou confuso com você. Mas é verdade mesmo, eu estou confuso, não posso ter certeza de nada, não devemos ter certeza de nada e nos assegurarmos que tudo sairá como pensamos e nada acontecerá como não prevemos. Pois não prevemos nada, não somos donos do amanhã, isso se o amanhã existisse.
   Meus sonhos são brancos, ou ás vezes não tenho sonhos, o tempo, as coisas, não tem me deixado viver como eu queria. Mas é preciso sacrifícios para se ter vitórias.
   Agora eu tenho que descansar. Não só descansar meu corpo, como descansar e me esconder do amor por você. Eu continuo sentindo saudades de você. Eu continuo te amando.

                                                  Te amo